FESTAS DE AGOSTO EM MONTES CLAROS – MG


| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Começa a ventania, a natureza se enfeita com cores vivas, a música está no ar, o ritmo dançante e vivaz alegra o nosso coração, a nossa alma e o nosso espírito.

É agosto nos Montes Claros das Gerais e com ele as suas festas.  A nossa emoção se enfeita com laços e fitas para homenagear Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo, juntamente com os catopês, marujos e caboclinhos.

São três dias de festas que ocorrem por quase duzentos anos e que acontecem na segunda quinzena de agosto, como uma festividade religiosa – profana e que no nosso entendimento, é historicamente do mais alto valor para a nossa cultura. Encontramos manifestações da religião católica como o levantamento de mastros, missas e bênçãos. A participação para muitos que se apresentam nos desfiles é o cumprimento de promessas ao santo que os socorreu com alguma graça. O caráter profano está ligado às danças folclóricas de origem africana, portuguesa e ameríndia, com os catopês, marujos e caboclinhos.

Toda esta “festança” é praticamente uma réplica das comemorações ocorridas por ocasião da coroação de D। Pedro II em 08 de setembro de 1841.

Segundo o historiador Hermes de Paula, “ depois do cortejo ou passeata com a efígie do imperador, foram permitidos vários divertimentos durante três dias”(1), porém, ainda segundo o mesmo autor,” a mais antiga notícia sobre o assunto é datada de 23 de maio de 1839, quando Marcelino Alves pediu licença para tirar esmolas para as festas de Nossa Senhora do Rosário e Divino Espírito Santo, que pretendia fazer nesta freguesia”.(2)

Os catopês, marujos e caboclinhos abrem os desfiles para a corte que, sempre primorosamente se apresentam  com toda a pompa: rei, rainha, príncipes, princesas e pajens. Os desfiles que acontecem durante os três dias pelas ruas centrais da cidade, finalizam na Praça Portugal onde, na Igreja do Rosário é celebrada uma missa e logo após, os festeiros oferecem um almoço para todos os participantes.

No entanto, o início real da festa, começa sempre na noite anterior em frente à mesma igreja, com o levantamento do mastro com a imagem do santo que será homenageado no dia seguinte. A felicidade, a fé, a religiosidade, o encontro de amigos, a comilança de pratos típicos em uma confraternização única, fazem destes três dias,uma ocasião imperdível em nossas vidas.

Pensando o folclore como uma ramo dinâmico da antropologia cultural e como identidade do povo, algumas inovações naturalmente acontecem. A tradicionalidade, tão defendida por alguns, segundo o nosso entendimento, não é violada com as alterações que não fazem perder em nada, o sentido e o valor real do acontecimento. O tradicional que entendemos não cheira a mofo e, o folclore como identidade do povo, precisa dinamicamente acompanhar e representar este mesmo povo. Com este pensar, a apresentação de bandas de músicas, a presença de escoteiros, fogos de artifícios e barraquinhas vieram para acrescentar na alegria, chegaram para enfeitar e colorir ainda mais estas festividades dos Montes Claros das Gerais .

VIVA O AZUL DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO!
VIVA O ROSA DE SÃO BENEDITO!
VIVA O VERMELHO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO!

VAMOS COLORIR MAIS AINDA A NOSSA CIDADE, GENTE !!!!!

1 – PAULA, Hermes de: Montes Claros, sua história, sua gente, seus costumes. Volume III, Montes Claros, 1979, pág. 138
2 – PAULA, Hermes de: Idem

Sobre raquelcrusoe

Natural de Montes Claros-Minas Gerais - Brasil - Mestre em Ciências da Educação em Música (Havana - Cuba)- Pós-Graduação em Educação Artística (São Paulo) - Licenciatura em Artes - Bacharelado em Música – Piano( Rio de Janeiro)- Vice Diretora e Coordenadora Cultural do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez - Diretora do Projeto Acêrvo Cultural de Montes Claros - Professora de Piano,Regência, Percepção Musical,História da Música e Folclore do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez - Professora Titular da UNIMONTES - Fundadora do Curso de Educação Artística/FUNM - Vice – Diretora do Curso de Educação Artística/FUNM - Diretora em Exercício da Faculdade de Educação Artística/FUNM - Membro do Conselho Diretor da FUNM - Fundadora e Primeira Coordenadora de Cultura da UNIMONTES - Coordenadora de Cursos de Pós – Graduação em Arte – Educação/UNIMONTES - Diretora do Projeto MUSICAMPUS - UNIMONTES - Membro do Conselho Universitário da UNIMONTES – CONSU - Chefe do Departamento de Artes - UNIMONTES
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